terça-feira, 16 de junho de 2009

Entrevista: Netinho

De Roberto Carlos a Frank Sinatra, ou ainda canções populares saídas de uma rádio popular que ele ouvia em sua cidade natal – Santo Antônio de Jesus/BA, a infância de Ernesto de Souza Andrade Júnior já era intensamente povoada pela música, quando ele chegou a Salvador, com 9 anos. Na capital baiana seu gosto musical mudou, conheceu os Beatles e a MPB, e sua relação com o mundo artístico ficou mais forte: entrou para a faculdade de música, e começou a cantar em barzinhos, apesar da oposição da família...
A música realmente estava no destino do jovem Ernesto. Um teste bem sucedido para cantar na Banda Beijo o transformou no Netinho, que em 2009 já completa 20 anos de uma carreira bem sucedida, apesar dos altos e baixos.

O Portal Axezeiro bateu um papo com esse ilustre baiano, que falou sobre a sua trajetória, vida pessoal e planos para o Carnaval 2010. Confira!

Portal Axezeiro: Você começou a carreira artística tocando em barzinhos. O que de mais importante você aprendeu neste período? Você acha que todo artistas em começo de carreira devem passar por esse aprendizado?

Netinho: Foi um período gostoso, de aprendizado, de sentir a opinião das pessoas em relação ao seu trabalho olhando nos olhos delas. Acho um ótima escola para cantores a nível de escolha de repertório e de colocação de voz.

PA: Você já declarou em entrevistas anteriores que o seu primeiro ídolo foi Caetano Veloso. Como foi passar da bossa e MPB que você cantava nos barzinhos para o axé e a estréia no carnaval?

N: Foi natural através de influências que sofri quando vim morar aqui em Salvador através da rádio, das festas populares e dos artistas que aqui atuavam na época. E não "passei" da bossa nova e MPB, pois até hoje esses estilos estão presentes de alguma forma no meu jeito de cantar e no meu repertório.

PA: O que te fez deixar a Banda Beijo e encarar o desafio de uma carreira solo?

N: Um convite feito pala gravadora Polygram (hoje Universal Music) em 1992.

PA: Alguns veículos apontaram o CD “Outra Versão” (2005), que tinha uma levada pop, como um erro em sua carreira. Você chegou a se arrepender de tê-lo lançado? O resultado que ele teve foi o esperado por você?
N: O projeto "Outra Versão" foi importantíssimo pra mim como artista, pois foi o meu único CD composto apenas com músicas da minha autoria. O lancei no período em que eu estava longe dos palcos, longe do axé e do carnaval, e o disco causou estranheza em muita gente, pois havia ali a minha veia mais pop e MPB, diferente do Netinho do axé que todos estavam acostumados a ver e ouvir por mais de uma década.
Não sei compor músicas de axé, nesse estilo sou apenas um intérprete, e neste CD "Outra Versão" eu pude mostrar o meu lado compositor. O CD vendeu 30.000 cópas no Brasil e é um projeto que considero fundamental na minha discografia. Neste CD havia a canção "Onde Você se Esconde" em versão pop, música que regravei com Ivete Sangalo no meu primeiro DVD apenas com violões.

PA: Como foi o processo de volta ao axé e os trios? O que te fez sair do mainstream, e depois retornar?

N: Foi natural, como tudo em minha carreira nesses vinte anos. Sempre procurei atender os meus anseios artísticos.
Saí por questões pessoais, por não estar tendo tempo para viver a minha vida pessoal, por excesso de trabalho, por cansaço. Durante quinze anos eu só trabalhei. Cresci profissionalmente alcançando tudo o que eu queria artisticamente e financeiramente, mas nada acrescentei à minha vida pessoal. Precisava desse tempo e o fato de ter me dado isso, me faz ser hoje um artista muito mais feliz e completo.

PA: As declarações que você fez sobre a sua sexualidade e o uso de drogas durante entrevista à revista QUEM, no ano passado, até hoje causam repercussão. Tudo isso teve uma impacto mais positivo ou negativo em sua vida? Se pudesse voltar atrás você faria novamente tais declarações?

N: A verdade sempre é bem vinda. Às vezes incomoda àqueles que preferem se esconder dela, mas é sempre o melhor caminho. Na entrevista à revista Quem eu falei pela primeira vez em toda a minha carreira sobre a minha vida pessoal. Comentei fatos que aconteceram na minha vida há mais de dez anos, e que ajudaram a construir o que sou hoje.
A revista pecou em ter colocado como se tudo aquilo estivesse acontecendo nesse momento atual. Esta foi a única questão que me incomodou. Aquele bate papo com o jornalista e a publicação daquela entrevista foi um momento importante pra mim. Coloquei a público experiências vividas por uma pessoa que vive o presente, o mundo e o que ele tem a oferecer. Analisando artisticamente aquela entrevista, penso que aquelas declarações que dei foram desnecessárias, mas para o ser humano que sou, foi um momento fundamental para o meu crescimento pessoal.
Não me arrependo e se passasse por aquele mesmo momento outra vez, falaria da mesma forma sobre tudo que falei ali. Em nada atrapalhou a minha carreira ou a minha vida pessoal, ao contrário.

PA: 20 anos de carreira, comemorados esse ano. Qual a diferença do Netinho do começo e o de hoje?

N: A diferença básica é na questão "felicidade". A minha essência artística de promotor de alegria continua a mesma; o meu amor à música e ao meu trabalho é o mesmo; a minha vontade de estar na estrada e de caminhar com a música é a mesma. O que mudou fundamentalmente durante a passagem desses 20 anos foi a minha felicidade pessoal. Hoje sou mais feliz, vivo o momento mais gostoso da minha vida e, sem dúvida. Isto está sendo refletido no meu ofício, na minha música, em tudo que faço como profissional.
Me sinto outra vez no começo, cheio de idéias e projetos, cheio de vontade e constantemente animado. Viajo para fazer shows todas as semanas, estou totalmente dedicado a isso e penso estar apenas no início desse recomeço.

PA: Como vai ser comemoração dessas duas décadas? Quais as novidades? Já pensa no próximo carnaval?

N: Já estamos comemorando desde o início do ano. Cada show é uma comemoração e tenho agradecido aos meus fãs por toda esta história. Para coroar esta festa, gravaremos o meu segundo DVD em setembro desse ano, no dia 26, em Aracaju, na Área Verde do Hotel Parque dos Coqueiros. Será um show com 4 horas de duração com todos os meus sucessos e mais 20 músicas inéditas. Haverá participações especiais de amigos artistas da Bahia e do Brasil num show com concepção minha que envolve um tema central que se aplicará a cenário, figurinos, coreografias, iluminação e efeitos especiais. Haverá mágica nessa noite!
Para o Carnaval de 2010, além de estar dois dias no Circuito Barra/Ondina, tento no momento me encaixar um dia também no Circuito do Campo Grande. Será um grande retorno àquele cenário onde já fiz grandes e inesquecíveis carnavais com os Blocos Beijo, Pinel e Internet.

PA: Pra finalizar, que conselho você dá para os artistas que estão começando?

N: Sigam a sua intuição, acreditem no que querem e sejam persistentes e verdadeiros. Agindo assim, tudo acontecerá.


Em julho Netinho segue para o exterior mais uma turnê, em Portugal, país onde é sempre muito bem recebido. E continua no ar a promoção “eu leio esse blog” que vai selecionar fãs para participar das gravações do making of do próximo DVD do artista. Acessem o blog de Netinho, através do seu site oficial!!

Robson Cobain/Redação Axezeiro

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